sexta-feira, 17 de setembro de 2010

buraco vazio

Semente que germina
e dali a pouco despenca, imatura
morre na praia
e deixa a terra toda dolorida
e as águas esbravejadas.
Vira pó, vira pedra,
vira gota, vira cinza.
Revira-se e revolta-se
Reinicia-se um ciclo
que no mais tardar
frutificará

domingo, 5 de setembro de 2010

Cantos

O quando, que não onde,
chegou para ficar.
Entregou suas chaves,
procurou um canto para sentar.
Olhou por volta,
desconfiado, incomodado.
Os dias que passaram
viraram rotina,
distantes, embrulhados em pó.


Na quietude da noite,
na goteira pingando,
cada canto preenche-se de profundo suspiro.
Elevam-se para o espaço,
desencontram-se no ensejo de esbarrarem-se.
As notas suspensas no ar
de um dia que nunca foi
E quando será?
Onde foi que esqueci de estar?


Dentro de cada canto
há um choro, um pranto
que almeja, em coro, um canto
que reuna de tanto em tanto
aquele perdido acalanto.
As estrelas do teto
querem tanto brilhar
iluminar os sorrisos de outrora
Reinventar histórias do nunca
Lembrar de um tempo de criança
do açúcar no suco da mesa
do prato espatifado no chão.

Eram, e será que sim?
Será memória inventada,
será desejo partido?
Será tamanho egoísmo?
Será o umbigo maior?
ou são cantos e quandos
que esperam se unir,
formar uma sala,
um espaço comum?
Não olvide do quando agora,
o quando que será amanhã.
O quando de ontem ficou,
permaneceu,
já passou.

Senhores de cada um,
compartilhando um mesmo quando,
um mesmo onde.
É hora de compartilhar,
de estar,
de sonhar junto.
Cada qual no seu canto,
cada canto em seu lugar,
mas em torno de um mesmo objetivo:
unir vontades,
desejos,
construindo o conviver.