quinta-feira, 11 de novembro de 2010

por caminho familiar

Estou voando.
Vejo a cidade pequenina,
linhas tortas, pequenas formigas
a se moverem nervosamente

Ouço o som do silêncio
cortante e macio do vento,
que passa por meus ouvidos
e balança os cabeços atrás

A mão sem forma específica
deixa-se levar,
assim como os pés,
que balançam em movimentos esparçados

Fecho os olhos,
mas posso ver tudo.
As imagens preenchem
o campo visual das pálpebras pesadas

Sinto-me repleta de ar,
de histórias da vida
que foram contadas
e largadas ao vento

Ouço o som do silêncio,
dos cânticos elevados ao céu,
das notas suspensas de um acorde
não interrompido de um piano

Ouço o som do silêncio
ecoado no espaço
das palavras não ditas,
das memórias não ocorridas

São fantasias, invenções.
São gotas de chuva,
que secam a imaginação,
que me fazem plainar mais baixo

Pousando em campos verdes,
colhendo flores brancas,
jogando sementes frágeis,
fechando o velho portão de madeira.

O caminho de volta é longo,
mas num piscar de olhos
e num suspiro de espanto
cá estou de volta