"faz de conta que tinha um cesto de pérolas só para olhar a cor da lua pois ela era lunar, faz de conta que ela fechasse os olhos e seres amados surgissem quando abrisse os olhos úmidos de gratidão, faz de conta que tudo o que tinha não era faz de conta..."
faz de conta que um dia foi e hoje não mais é, faz de conta que hoje é outra é outro é um sonho real que termina de outra maneira que inicia diferente de ontem, faz de conta que a lua hoje saia mais redonda que um dia já foi, faz de conta que ela não mais sonhe nada que diga algo que não entenda e que não possa jamais acontecer hoje, faz de conta que ela não se incomode com mais nada que não seja real ou que mesmo que seja real não seja motivo de incômodo de vômito seco que não sai...
terça-feira, 24 de novembro de 2009
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
Traduzir-se
Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.
Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.
Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.
Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.
Traduzir-se uma parte
na outra parte
- que é uma questão
de vida ou morte -
será arte?
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.
Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.
Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.
Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.
Traduzir-se uma parte
na outra parte
- que é uma questão
de vida ou morte -
será arte?
Ferreira Gullar
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