quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Água com açúcar

Uma cadeira de balanço movimenta-se gentilmente ao sabor da brisa que corta a varanda.
O jornal aguarda ser recolhido no batente da porta, deixando algumas folhas remexerem-se.
As cartas acumulam-se debaixo do tapete. As notícias estão ali, frescas, mas não serão lidas.
A madeira do chão está corroída, com frestas, afastadas umas das outras.
Uma abelha suga a mesa açucarada pelo suco derramado.
A poeira acumula-se no canto, formando um pequeno redemoinho de cabelos e sujeira.
O capim irregular acaricia a mureta em movimentos esparçados.
A porta entreaberta manifesta-se, batendo hora ou outra impulsionada pelo vento.
As cores perdem saturação e aproximam-se de um preto e branco acizentado.
Uma goteira na ponta do telhado, poça de água.
Um miado de dentro.
Um pio de fora.
Um ranger de baixo.
Um estrondo de cima.
Onde vivem?

5 comentários:

  1. Onde foram todos e por que deixaram assim abandonado o lugar?

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  2. Na casa antiga do Sr. e Sra Poeira, que é feita de fotografia no escuro, dessas granuladas, com iso alta e que não se vê ao certo se é paisagem, ou se é só silhueta mesmo.

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  3. Não sabia que a nossa maravilhosa professora de balé é uma artista de mão cheia em palavras.
    Parabéns. Muitos beijos.

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