quinta-feira, 16 de julho de 2009

colo macio

Estava encolhida,
recém-nascida,
não sabia ao certo o que fazer.
Eu não via nada,
apenas chorava
em braços quentes a me envolver.
Apesar da cegueira,
apesar da distância repentina,
sentia-me no lugar certo,
perto de onde queria estar.
De seu ventre macio,
sentia as pulsações,
o sangue a correr,
seu corpo retornando a um só.
De minha antiga morada
por maravilhosos 9 meses,
parti para este gigante mundo.
O colo me imbuia de forças
para abrir os olhos.
O calor de sua pele
enriquecia as células
de tão pequeno corpo.
Apesar de todos cuidados físicos,
o cuidado maior não se via,
apenas sentia envolver-me,
como manta de amor,
com sabor doce
de algo impossível de traduzir em palavras.
Esse cobertor invisível aos olhos carnais,
que acrescenta vitalidade,
que desenvolve o íntimo do ser,
que resiste à maior de todas as distâncias,
persiste em qualquer circunstância...
Não me atrevo a descrever.
Sei que um dia também serei fonte desta manta.
Só o serei, pois um dia a recebi.

àquela que me trouxe aqui

2 comentários:

  1. Que lindo! Rô, você é demais, é uma imensa benção poder te amar muito, conviver com você e fazer parte da sua família espiritual. você ensina a todos ao seu redor e todos nós ficamos melhor com essa convivência. obrigada por todo esse amor! beijos daquela que te trouxe aqui.

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  2. Que coisa mais linda! Sua mãe é uma gracinha... Não sei o que me emocionou mais, a poesia ou o comentário!

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