quarta-feira, 8 de julho de 2009

poema liberto da caixa

Nasci no escuro
mudo, miúdo, mundo minúsculo

Eu, egoísta, transbordei para dentro de mim
preso à escuridão do meu umbigo sujo

Sofri as dores de ver-me amarrado a mim mesmo
Foi a espiar a luz, que horizontalmente me esparramei

Uma fresta se abre, respiro ar puro
Vejo luz do outro lado, ouço vozes a chamar

Quero experimentar essa liberdade
ser declamado em praça pública

Quero ser levado pelo vento
quero ser grafado em novos papéis

Quero fazer parte de um livro
quero ter um nome

Ser o motivo de uma dança
crescer junto a uma nota musical

embalado em ondas sonoras
estar junto ao corpo que balança

Eu, poema que sou

poema conjunto:
Cauê e Rosana

2 comentários:

  1. Olha que bonito, o poema já sabe se expressar sozinho!

    ResponderExcluir
  2. este poema está genuinamente delicado.
    (reparem que usei um advérbio para um adjetivo! isso dá uma força extremamente dramática ao que disse!)

    ResponderExcluir